Nos últimos 25
anos, a indústria de alimentos nos Estados Unidos tem alterado o tipo de açúcar
utilizado na fabricação de seus produtos. Passou a usar o xarope de milho rico em frutose, cuja sigla em
inglês é HFCS. Ele é mais barato, mais doce, mais solúvel nos alimentos e de
mais fácil estocagem que o açúcar tradicional e tem um poder adoçante maior do
que o açúcar, podendo ser utilizado em quantidades proporcionalmente menores
para alcançar o mesmo poder adoçante", relata Ellen Simone Paiva,
endocrinologista e nutróloga, diretora do Centro Integrado de Terapia
Nutricional, em São Paulo.
A frutose, presente
no xarope utilizado para adoçar os alimentos, é o mesmo açúcar encontrado nas
frutas. "Mas o fato preocupante é que a concentração desse açúcar é tão
elevada na maioria dos produtos industrializados que é impossível não exceder
às recomendações diárias de consumo dessa forma de carboidratos. Aparentemente,
a frutose age no fígado aumentando a produção de gorduras chamadas
triglicérides, que inundam esse órgão e chegam em grande quantidade à corrente
sanguínea", pontua a médica.
Segundo ela,
ingerir alimentos produzidos com o HFCS tem o mesmo efeito de se consumir uma
refeição com alto teor de gordura. "Ao fazer isso, não apenas ingerimos
mais calorias, como armazenamos mais dessas calorias sob a forma de gorduras.
Isso também ocorre, sem dúvida, quando consumimos açúcar da cana e beterraba,
em grandes quantidades, mas com o HFCS as alterações no peso corporal têm sido
muito mais intensas devido ao maior teor de frutose concentrada no
xarope".
O presidente do
departamento de endocrinologia da Associação Médica de Minas Gerais, Victor
Eurípedes Barbosa, acrescenta que "o excesso de frutose pode ser
convertido em um tipo de gordura chamada triglicerídeos que, quando elevada,
contribui para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares".
Fernando Aislan,
nutricionista funcional, explica que vários estudos apontam os efeitos
colaterais pelo consumo excessivo do xarope de milho: esteatose hepática
(gordura no fígado), elevação do LDL (mau colesterol), hipertensão, aumento do
ácido úrico e ganho de peso.
No Brasil, segundo
a assessoria de imprensa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),
o HFCS é um produto legalizado desde a década de 60, mas é impossível saber em
que alimentos ele vem sendo utilizado.
O Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que controla os produtos de origem
animal e bebidas, informa que apenas o xarope de groselha é permitido no país e
vem sendo usado em algumas bebidas.
No mundo fast food
em que vivemos, fica muito mais fácil comprar comida pronta. Só que esses
alimentos preparados longe das nossas cozinhas nem sempre são benéficos à
saúde. E, pior, como decifrar as letras miúdas dos rótulos?
A legislação
brasileira obriga a indústria a informar com clareza e precisão os ingredientes
utilizados no preparo dos alimentos. Já sabemos quanto de sódio, gordura
saturada e hidrogenada contém cada item que colocamos em nosso carrinho de
compras, mas o mesmo não ocorre com o açúcar.
http://www.otempo.com.br/capa/brasil/alerta-para-o-xarope-de-milho-o-a%C3%A7%C3%BAcar-do-mal-1.365476
Nenhum comentário:
Postar um comentário